Dia do Trabalhador em Cena
O dia 1º de maio é feriado. Nesta data, os trabalhadores descansam e também realizam manifestações na América do Sul e no México, em quase toda a Europa Ocidental, na Rússia, na Índia, na China e na maior parte dos países da África. A data foi escolhida em homenagem ao esforço dos trabalhadores dos Estados Unidos, que, num sábado, 1º de maio de 1886, foram às ruas das maiores cidades do país para pedir a redução da carga horária máxima de trabalho por dia.
No entanto, as manifestações foram crescendo e atraíram multidões (não somente em Chicago, mas muitos outros centros urbanos) afrontando de forma significativa os poderosos do país. Sendo assim, a manifestações terminou com confrontos entre a polícia e manifestantes deixando centenas de feridos e, inclusive, trabalhadores mortos no chão
Outrossim, o Dia do Trabalho foi ganhando outra característica no Brasil. Virou celebração, com festas populares e desfiles simbólicos. Em decorrência da forte propaganda trabalhista do período Vargas, o governo passou aa usar o 1º de maio para anunciar leis e iniciativas que atendiam as reivindicações dos trabalhadores. A Justiça do Trabalho (1941) e a CLT (1943), por exemplo, foram instituídas na data. Unificando e atualizando toda a legislação trabalhista então existente no Brasil, o decreto de 922 artigos passou a abranger direitos de boa parte dos trabalhadores, com determinações sobre duração da jornada, férias, segurança, previdência social e férias —além da fixação do salário mínimo.
Nos dias de hoje, vemos em muitos países uma transformação no mundo do trabalho. Na longa batalha de correlação de forças entre trabalhadores e burguesia, seja ela industrial, financeira ou oligarca, é possível identificar transformações profundas, a começar pelo ataque às legislações trabalhistas até a mudança de comportamento individual e social do mundo contemporâneo.
Sendo assim, o TemQueVer, nesta data importante para uma grande massa populacional mundial, indica um filme que merece a sua análise: Você não estava aqui
VOCÊ NÃO ESTAVA AQUI
O filme mostra a difícil e exaustiva rotina de um pai de família entregador autônomo —como os da Amazon ou de outras plataformas de serviços delivery—, uma mãe cuidadora de idosos e dois adolescentes que tentam sobreviver na selva do livre mercado. A uberização da vida.
Um pai que “trabalha feito um condenado”, em jornadas de 14 horas, sem tempo sequer para ir ao banheiro, e sua família. Os vilões são os algoritmos que aceleram o ritmo —e a precarização— do trabalho ao ponto do intolerável, seja qual for a plataforma que promete o conforto de alguns às custas do sacrifício de outros.Ainda que Você não estava aqui não mencione nenhuma empresa específica de comércio digital, fica quase explícita a crítica a maior delas, a Amazon. De fato, no processo de escrita do roteiro, Paul Laverty entrevistou um ex-motorista da empresa no dia em que seu proprietário, Jeff Bezos, tornou-se a primeira pessoa a faturar cem bilhões de dólares na lista de super-ricos da Forbes.
Direção: Ken Loach
Disponível no TeleCine