Por Daniela Damo*
Dirigido por Sebastián Lelio (Desobediência), O Milagre é uma adaptação do romance homônimo de Emma Donoghue (Room).
O Milagre se passa na Irlanda em 1862, uma cética enfermeira inglesa Lib Wright (Florence Pugh) é convocada a uma pequena vila analisar o caso da menina que sobrevive em situações estranhas, os relatos mostram que ela não se alimenta e que seria o que alguns chamam de milagre. A família da menina de 11 anos profundamente religiosa, e ela teria sobrevivido por meses sem comida, vivendo apenas com algum elemento sobrenatural.
Turistas lotam todos os dias a cabana de Anna e um jornalista está relatando a história, mas é tudo o que parece ser? Será mesmo um milagre?
Enquanto Lib e uma freira se revezam para observar a garota para descobrir se ela está realmente comendo, e se não, como ela consegue sobreviver sem comida, a enfermeira fica desesperada para descobrir a verdade e corre atrás de respostas. Mas logo ela e Anna se aproximam e cabe a Lib chegar ao fundo desse milagre ou impedir a destruição da vida de Anna.
Com o passar dos dias a enfermeira vai observando a criança definhar aos poucos, enquanto todos ao seu redor parecem mais preocupados em trata-la como uma santa ao invés de alimenta-la e se preocupar com sua saúde.
Com o passar das cenas, Lib descobre que, na verdade, a mãe de Anna dá comida para a filha através dos beijos. Ou seja: de milagroso, esse “jejum” não tinha nada. Essas cenas remontam a ideia que o filme pretende passar: Fanatismo religioso.
A trama tem base em vários relatos históricos sobre crianças que passavam meses ou anos em jejum. Mas, como podemos observar na narrativa, o filme tem objetivo desmistificar o milagre e fazer uma reflexão sobre preceitos religiosos. Um filme apesar de lento, muito forte, sensível e com um mensagem extremante importante.
A fotografia e cenários do filme são féis ao período que a história está sendo contada, bem como muito próximo da Irlanda daquele período, as cores azul e cinza destacam-se no cenário dando um ar frio à paleta de cores.
*Professora de geografia da rede pública de ensino e do IFSul, atuando na rede estadual e na Universidade Federal de Santa Maria, pesquisadora e uma profunda admiradora das artes e todas suas formas.