Oriente Médio em Cena

Retratos e desafios de uma das regiões mais conturbadas do planeta

As raízes remotas do conflito entre Palestina e Israel remontam aos fins do século XIX quando colonos judeus começaram a migrar para a região e se juntar a outros judeus remanescentes das invasões históricas. Sendo os judeus um dos povos do mundo que não tinham um Estado próprio, foram movidos pelo projeto do sionismo – cujo objetivo era refundar na Palestina um estado judeu. Entretanto, a Palestina, nos últimos séculos, foi habitada por uma maioria árabe, muitos oriundos da Síria e outros locais vizinhos dentro também do império Turco-otomano em busca de pastoreio e outros trabalhos.

Contudo, o conflito israelo- palestino abrange um contexto regional mais amplo e que tem implicações importantes na geopolítica mundial, que é o conflito árabe-israelense. O conflito árabe-israelense é um longo conflito no Oriente Médio. Ocorre desde o fim do século XIX, tendo se tornado um assunto de importância em nível internacional a partir do colapso do Império Otomano em 1917. Marcos importantes para o desenrolar deste conflito foram a autodeterminação do Estado de Israel e o relacionamento deste último Estado com seus vizinhos árabes, especialmente em relação ao povo palestino, por reivindicarem as mesmas terras.

O conflito teve como resultado o começo de pelo menos cinco guerras de dimensões maiores e um número significante de conflitos armados de menores dimensões. Foi também fonte de duas Intifadas (levantamentos populares).

A seguir, O TemQueVer traz dois filmes premiados recentemente que abordam essa realidade milenarmente bélica, que envolve todos os agentes motivadores de desavenças e contradições: religião, poder, racismo, sexismo e tudo  mais.

NOTTURNO (2020)

O documentário Notturno, do cineasta italiano Gianfranco Rosi, apresenta o dia a dia nas incertas fronteiras entre Síria, Iraque, Líbano e Curdistão, em meio a intermináveis crises em uma das regiões mais turbulentas do planeta e à influência do Estado Islâmico (EI). .O documentário exigiu seis meses de pesquisa, três anos de filmagens e mais seis meses de montagem. As oito histórias retratadas pelo cineasta, que compõem um mosaico do Oriente Médio, nasceram da relação de confiança com as pessoas que o autorizaram a documentar sua existência.

LAILA IN HAIFA (2020)

A vida no Oriente Médio também é tema do filme Laila in Haifa, do cineasta israelense Amos Gitai. O longa mostra um exemplo de possibilidade de convivência entre israelenses e palestinos, tema que acompanha toda a produção de Gitai. A filmagem foi feita inteiramente em uma discoteca-galeria vizinha à ferrovia de Haifa, cidade natal do diretor, aberta a homossexuais, travestis e pessoas que querem apenas se divertir ou estão em busca de sexo casual.

Laila, em árabe, significa “noite”, indicando que toda a ação transcorre em uma única madrugada na qual se consumam relações, pessoas se dividem por ódio racial e se fala de tudo – da arte à política, das dinâmicas do amor aos destinos do mundo.

 

 

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