Bacurau e o complexo de vira- lata

Bacurau e o complexo de vira lata

“Complexo de vira-lata” é uma expressão criada pelo dramaturgo e escritor brasileiro Nelson Rodrigues, a qual originalmente se referia ao trauma sofrido pelos brasileiros em 1950, quando a Seleção Brasileira foi derrotada pela Seleção Uruguaia de Futebol na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã. O Brasil só teria se recuperado do choque (ao menos no campo futebolístico) em 1958, quando ganhou a Copa do Mundo pela primeira vez. O fenômeno também é referido como  viralatismo.

Academicamente falando e, melhor ainda, atualizando o termo viralatismo, Jesse Souza irá refutar o que muitos ainda insistem em colocar, que é preciso frisar que características negativas como patrimonialismo ou desonestidade não são intrínsecas ao DNA tupiniquim, mas fatores inerentes ao capitalismo, sistema econômico que coloca a busca por lucro e ascensão social acima de quaisquer valores humanos. O “complexo de vira-lata” não reflete a realidade. Trata-se, assim, de um mito criado para legitimar a separação entre a elite econômica, autoproclamada guardiã de todas as virtudes, e as classes populares, qualificadas como portadoras de todo tipo de vício.

Então, podemos dizer que o viralatismo não deixa de ser um preconceito elitista bananeiro para com a ralé. Um preconceito, alias, que essa própria elite acaba por ser enquadrada no termo, quando a mesma se expõem frente àqueles que ela admira. É aquele típico exemplo do brasileiro, branco, sulista, estudante de colégio particular, casa na praia e sítio na serra que vai morar nos EUA (financiamento parental) e fica por lá um ano vendendo cachorro quente achando que tá adquirindo experiência.

Mas afinal, o que tudo isto tem a ver com o filme Bacurau?

Tudo!

Assista!

Direção de Kleber Mendonça.

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