MISSISSIPE EM CHAMAS

As entranhas do racismo expostas aos olhos da sociedade.

Por Álvaro Nicotti*

No final do ano de 2020 foi feito um monitoramento para avaliação de manifestações racistas por parte das autoridades brasileiras. Mais precisamente, no mês de novembro, mês da Consciência Negra, foi registrado o dobro de falas racistas de autoridades públicas em comparação com novembro de 2019. De acordo com a Terra de Direitos e a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), nos primeiros 21 dias de novembro, foram assinaladas oito falas discriminatórias de autoridades públicas, contra quatro em todo o mês novembro passado. Contando de janeiro de 2019 a novembro deste ano, foram identificados 55 discursos racistas proferidos por 22 autoridades públicas. Nenhum autor dessas falas foi responsabilizado até o momento.

Já no ano de 2021, manifestações racistas seguem a ecoar no país identificadas, na sua maioria, em ações de apoio ao atual governo brasileiro. Mas teve uma em Porto Alegre, mais especificamente no bairro Moinhos de Vento, que chamou bastante a atenção: manifestante se veste como Ku Klux Klan e é denunciado na polícia. Além disso, no mês de outubro deste mesmo ano de 2021, um grupo vestindo camisas da seleção brasileira e portando cartazes anti-vacina Covid-19, invadiram a câmara de vereadores da capital gaúcha reivindicando o cancelamento da obrigatoriedade do uso de passaporte de vacina, para entrada em eventos públicos. No entanto, para deixar a cena mais medonha e deplorável (para não dizer criminosa e canalha), um dos integrantes carregava consigo um cartaz com uma suástica nazista.

Na hora me lembrei do filme Missipi em chamas!

Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe) são dois agentes do FBI que estão investigando a morte de três militantes dos direitos civis. As vítimas viviam em uma pequena cidade onde a segregação divide a população em brancos e pretos e a violência contra os negros é uma tônica constante.

Direção: Alan Parker

Roteiro: Chris Gerolmo

Ano: 1989

Disponível no Apple Itunes

*Professor, pesquisador e colaborador do TemQueVer

 

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