A Velha Alegria

OLD JOY (2006)

Audaciosamente silencioso,  porém fazendo sentir que respingos de água podem soar de mil maneiras diferentes. Dois grandes amigos tentam se reencontrar e buscar sentimentos perdidos do passado quando se separam, cada um talvez com um pouco de inveja das escolhas do outro, cada um desejando algo que perdeu ou remoendo projetos inacabados, com a lembrança de como o sentimento era igual. Mas o tempo muda nosso relacionamento com amigos que foram tão importantes em vários momentos de nossa vida. Essa lindeza bucólica consegue retratar tudo isso com uma beleza lenta e contemplativa, o verde pulsante de uma natureza que tenta reconectar um sentimento que talvez não volte mais. Na minha opinião, isso indica não apenas a perda de amizade entre dois homens que já foram almas gêmeas, mas também a perda de conexão com o país e o modo de como estamos em trabalhos que nos consomem, nos inclinando para incertezas do futuro. Prédios de cidades cinzas e barulhentas, colidem com a pressão da vida adulta e com responsabilidades que muitas vezes não sabemos lidar. Como muitos hoje, ambos estão à deriva em um mundo cada vez mais cruel e indiferente.

O tempo passa, as pessoas mudam e a amizade também. Ou talvez que com o tempo nós acabamos perdendo a “velha alegria” que temos quando jovens.

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