A Pesca Cooperativa com os Botos da Barra – A Ótica do Pescador, de Airton Alves, teve sua estreia no Cine Salinha Colarte. Uma sessão de cinema lotada para assistir um documentário de qualidade, bem como necessário.
O médiametragem nos leva até a Barra de Tramandaí e Imbé para revelar a impressionante parceria entre pescadores e botos, uma tradição única no mundo. Contudo, mostrou ser uma produção audiovisual super relevante para a região do litoral norte gaúcho. Além de trazer a ótica do pescador em relação a pesca cooperativa com o boto, o filme mostra também, de forma protagonista, o debate acerca da preservação do ambiente natural, sem desconsiderar o desenvolvimento da região.
O documentário apresenta diversas histórias dos pescadores locais. No entanto, também as angústias e apreensões que estes sentem frente ao crescimento desenfreado das cidades do litoral e, de forma específica, com a recente polêmica dos emissários que despejarão esgoto semitratado de Capão da Canoa e Xangri-lá no rio Tramandaí.
Além disso, Airton traz para o documentário os depoimentos de veranistas, moradores e professores acadêmicos da UFRGS. Desta forma, o diretor consegue mesclar o conhecimento dos pescadores com o conhecimento científico, enriquecendo de forma ímpar o conteúdo tão relevante já aqui mencionado.
Um filme com excelente fotografia e um roteiro bem elaborado, conduzindo o espectador de forma hormônica e cativante toda a narrativa construída. Também mistura de forma inteligente os depoimentos, arrancando risos em determinados momentos, preocupação em outros e sensação de orgulho e pertencimento frente a lindeza que é esse ecossistema peculiar: a bacia do rio Tramandaí.
Mas o que de fato encanta o médiametragem é o sentimento contido no mesmo: foi um filme feito com coração, de um cara que viveu aquele lugar e aquela realidade. Um filme com alma litorânea.