Por Sandra Monalisa
Certo dia minha mãe disse:
– Nem todos vão gostar de nós e, também, não vão se agradar conosco, mas nunca deixe que te desrespeitem por seres diferente.
Aquilo para mim foi importante ouvir, porque só sou o que sou por esse conselho.
Tudo começou quando fui para a escola pela primeira vez. Eu estava tão animado! Me arrumei e fui para a escola. Porém, quando cheguei lá, todos me olharam. Eu não sabia o motivo, nunca tinha ficado perto de tanta criança.
Quando entrei na sala, tinha muitos coleguinhas. Estava uma bagunça grande, uma gritaria. E isso me incomodou, comecei a suar frio, fiquei nervoso, botei as mãos nos meus ouvidos, fechei meus os olhos. Q uando a gritaria parou, eu abri meus olhos e me deparei com todos ao meu redor me olhando.
A professora olhou-me e disse:
– Oi! Seja bem-vindo! – ela olhou para minha camisa e viu meu crachá e pediu que todos ficassem em silêncio.
Todos estavam me olhando, fiquei nervoso.
Ela pediu que eu me apresentasse.
– Oii, eu sou o Benjamin.
Um menino me perguntou porque eu tinha aquilo no pescoço. Eu respondi:
– Minha mamãe disse que sou especial, por isso eu uso crachá.
Todos acharam legal meu crachá. Eu fiquei feliz, porque nunca tinha sido bem recebido. Até então, sempre que as pessoas olhavam meu crachá se afastavam e eu não entendia o porquê.
Todos falaram para professora que queriam um crachá também:
– Eu quero um crachá, Profe!
A professora teve uma ideia: ela pegou um papelão e juntos fizemos crachás improvisados para todos.
A professora falou:
– Agora todos nós somos especiais!
Quando eu cresci tudo mudou. Todos tinham consciência do que eu tinha, mas fomos amigos até uma certa idade. Mudamos de escola e nos separamos. Todos tinham sua vida, eram populares, tinham seu estilo de viver.
Eu virei o excluído. Era tímido e quieto. Fiquei assim até chegar uma menina nova. Ela começou a falar comigo. Era quieta tímida que nem eu. Viramos amigos, bons amigos.
Certo dia eu disse a ela:
– Você sabe o que eu tenho, né? Por isso ninguém fica perto de mim…
Ela comentou:
– É, eu sei, eu também tenho!
E me mostrou o seu crachá. Tornamo-nos melhores amigos! Até que chegamos aos nossos 17 anos. E comecei a me apaixonar por aquele sorriso, aqueles olhos, aquele seus cabelos…
Certo dia mandei uma carta a ela. Declarei-me mesmo com medo de ser rejeitado. Eu fiquei olhando para ela, enquanto ela lia a carta. Ficou com as bochechas avermelhadas, com um sorriso bobo. Olhou para mim. Ela estava mais linda do que nunca! Seus olhos brilhavam.
Ela pulou em mim, me abraçou e disse:
– Eu também gosto de você! Achei que não gostasse de mim por eu ser diferente das outras.
Eu declarei:
– Você é a mais bela de todas, a mais linda do mundo!
Minha vida começou ali com aquela garota. Ela me mostrou que não importa como somos, sempre teremos alguém para nós.
Hoje temos cerca de 30 anos e estamos juntos. Temos um filho que se chama Arthur. Tenho minha Família e só tenho agradecer a essa mulher, minha melhor amiga, minha mulher que me fez ser o que sou hoje e realizou meu sonho.
– Eu te amo, Agatha!
Essa é minha história. Sempre respeitem a todos e que vocês tenham uma Ágatha na sua vida, não a minha, obviamente, mas que encontrem alguém especial.
De Benjamin.
“Somos todos especiais e sempre teremos alguém ou algo especial para nós”.