A EDUCAÇÃO NO CENÁRIO DE CORRELAÇÃO DE FORÇAS
Por Álvaro Nicotti
Nos últimos anos foi possível enxerga uma campanha de negação aos partidos políticos, principalmente ao maior partido progressista que estava no poder, o Partido dos Trabalhadores (PT). Esta rejeição aos partidos políticos e a “velha política” (expressão usada por apoiadores dessa negação), segundo muitos especialistas de diversos campos do conhecimento, posicionaram o presidente Jair Bolsonaro ao poder. Mas essa negação fez bem ao país e a educação pública Brasileira?
É propondo e não apenas negando que se caminha de forma virtuosa em direção a uma sociedade mais justa. No entanto, é importante saber o contexto e com que força dominante estamos lidando. A globalização, a adaptação das economias mundiais ao sistema financeiro, o desengajamento do Estado, privatização das empresas públicas entre outras características do neoliberalismo, tem direta influência em como se mantem o sistema educacional. A escola é, cada vez mais, vista como uma empresa entre outras, compelida a seguir a evolução econômica. “As reformas neoliberais impostas à escola vão ser em seguida, cada vez mais, guiadas pela preocupação com a competição econômica entre sistemas sociais e educativos e pela adaptação às condições sociais e subjetivas da mobilização econômica geral”, irá dizer Cristian Laval.
Contudo, vivemos em tempos incertos, onde os conflitos ideológicos estão expostos e o poder do opressor se mostra forte e compacto. Muito mais do que uma crise passageira, é uma mutação do capitalismo que assistimos. A aposta crucial é o enfraquecimento de tudo o que faz contrapeso ao poder do capital. A correlação de forças, principalmente em tempos de mutação do sistema capitalista vigente, faz com que os detentores do poder econômico se comportem de forma mais agressiva. É nesta conjuntura que o educador norte americano Michael Apple irá afirmar que:
“Estamos presenciando uma notável ofensiva empresarial, uma ofensiva na qual nosso sistema educacional está gradualmente sendo mais e mais envolvido na órbita ideológica do capital e suas necessidades. “O que é bom para empresa é bom para o país e seu povo” pode não ser uma política educacional muito boa, mas está se tornando uma descrição bastante precisa do que está ocorrendo.”
Dentro dessa temática da correlação de forças, no cenário brasileiro, é importante destacar os desdobramentos, a partir do impeachment de 2016, que depôs a presidente Dilma Rousseff (PT), e suas consequências junto às forças sociais transformadoras. A partir de um diagnóstico, do ponto de vista das classes dominantes detentoras do poder econômico e sustentador do sistema atual vigente, de que a crise está no Estado, e não no capital, Paula Valim de Lima irá dizer que “a principal estratégia dos opressores está em redefinir o papel do Estado, esvaziando-o de suas funções de promotor e executor de políticas sociais”, tornando essas classes dominantes mais agressivas em seus atos em prol do poder, principalmente em tempos de crise. E quando acontece essa ofensiva, a maioria das pessoas e, principalmente os estudantes da escola pública, é que pagam o pato.
A seguir, 5 filmes excelentes que abordam a temática da educação que você tem que ver:
Numa escola de Havana (2014)
O Preço do Desafio (1988)
O Primeiro da Classe (2008)
A Onda (2009)
Conrack (1974)