Incêndios (Crítica)

Por Natasha Maya Ferreira*

1=1 é =2? Nem sempre. No filme “Incêndios” do canadense Dennis Villeneuve a resposta dessa conta tão simples traz consigo uma surpresa chocante.

A situação do árabe no mundo em meio a guerras religiosas, disputas de territórios e incertezas políticas é difícil. No enredo temos dois gêmeos, um rapaz e uma moça, canadenses e filhos de uma mãe árabe {o filme não deixa claro qual seu país de origem} que recebem duas cartas como herança :uma endereçada para seu pai e outra para seu irmão. A cada um fica a incumbência de entregar uma carta a um destinatário diferente.

Mas como assim? Eles pensavam que o seu pai havia morrido, e, nunca tinham ouvido falar de outro irmão! Além do mais a mãe dizia que só queria ser enterrada depois que as mesmas fossem entregues.

Como fazer, se eles não tinham idéia de que irmão era esse, seu pai estava morto e não conheciam nada nem ninguém na terra natal da mãe?

Os dois viajam então para o Oriente Médio, atrás dos destinatários das cartas afim de cumprir o desejo da mãe, como também de suas raízes. O filme é todo narrado num tempo não linear, onde cenas do passado e do presente se misturam. Ao mesmo tempo que vemos os parentes dos jovens os tratando bem, vemos que o mesmo não ocorreu com Nawal, sua mãe. Cenas brutais de seu passado são mostradas, e, o espectador vai conhecendo os horrores que ela vivenciou, e, talvez, o motivo da maneira fria e distante com que trata os filhos.

As paisagens são áridas, secas, sangrentas como a própria vida da mulher que está morrendo. Os irmãos vão conhecendo uma mãe e suas origens, uma outrora jovem apaixonada e com um ideal. Mas nada prepara o espectador para o final brutal. Um dos mais chocantes já vistos, um soco no estômago. Não é um filme fácil, mas é um filme que precisa ser visto. Poucos nos oferecem uma visão de como a guerra pode afetar o destino de tantas pessoas, e, do quanto esse foge ao nosso controle.

*Carioca, jornalista e crítica de cinema. Apaixonada por artes em geral especialmente cinema, que vejo como uma forma de expandir a visão de mundo.

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