Por Daniela Damo*
O filme do diretor francês Florian Zeller (indicado ao Oscar na categoria de Melhor Direção), tem como atores principais Anthony Hopkins e Olivia Colman. Este drama familiar coloca o espectador no meio da confusa mente de um senhor de idade, fazendo do filme uma experiência tocante, sensível e humana.
A trama inicialmente conta como Anne (Olivia Colman) tem se desdobrado para que o pai, Anthony (Anthony Hopkins), fique confortável antes que ela mude para o exterior. Ele tem alguns problemas de saúde e constantemente rejeita as cuidadoras designadas para cuidar dele.
A narrativa conta ainda como esse homem idoso recusa toda a ajuda de sua filha, à medida que envelhece. Ela está se mudando para Paris e precisa garantir os cuidados dele enquanto estiver fora, buscando encontrar alguém para cuidar do pai. O foco, no entanto, rapidamente muda para o desafio de entender o que está acontecendo ali, pois o cenário todo gira em torno do apartamento que, em determinadas vezes, tem seus objetos deslocados de seus lugares. Determinados acontecimentos se misturam e pessoas mudam de nome, tudo para o telespectador ter a clara ideia da confusão mental do personagem.
Meu Pai é um filme que deixa o espectador emocionalmente desgastado e por vezes triste, inclusive os sentimentos se misturam. A tristeza pela história contada está ali. Além disso, há também um contentamento pelo alto nível técnico, fotográfico e humano representados.
A narrativa do colapso da sanidade mental é um tema que por vezes no cinema transparece como algo caricato. Neste caso, o diretor consegue abordar esse tema delicado de forma até poética e esclarecedora. Classifico como a melhor atuação de Anthony Hopkins que já vi. Direção e fotografia impecáveis.
*Professora de geografia da rede pública de ensino, atuando na rede estadual e na Universidade Federal de Santa Maria, pesquisadora e uma profunda admiradora das artes e todas suas formas.