Neocolonização em Cena e o Genocídio na Faixa de Gaza

A necropolítica e a neocolonização ocidental tendo Israel como protagonista

Por Álvaro Nicotti¹

No dia 7 de outubro, Israel foi vítima de um atentado terrorista, de autoria do grupo político extremista Hamas. Foram mais de mil vitimais e muitas pessoas sequestradas. Logo em seguida, o estado sionista criado em 1948, revidou o atentado em uma ofensiva sem precedentes na faixa de Gaza, atacando por ar, terra e mar desrespeitando, inclusive, muitos direitos internacionais, como bombardeios em campos de refugiados e hospitais. Além disso, Israel mantem a faixa de Gaza num isolamento total, deixando mais de dois milhões de pessoas sem acesso á luz, água, comida e combustível, além de, até o momento em que atualizo esta matéria, um saldo de mais de 30 mil palestinos mortos (maioria crianças e mulheres) e 60 mil feridos. Para muitos especialistas e para este que vos escreve, o atentado do Hamas foi o estopim para Israel, sob comando de sua extrema direita encabeçada por Natanyahu, avançar em suas ações neocolonialistas na região.        

A neocolonização que ocorre no território da palestina está vinculada a todos os aspectos que envolvem e caracterizam a necropolítica com base no biopoder. A questão da ocupação de espaços é de diferença religiosa, de raça, de poder aquisitivo e poder econômico e cultural. Esta discrepância, somado a fatos históricos peculiares envolvendo dois povos distintos gera legitimidade no direito de matar de forma discriminada, alimentando e prolongando um conflito em um tempo eterno. Em relação a esta banalização da morte e a violência na região, Mbembe² elucida que:

a ocupação colonial contemporânea é uma concatenação de vários poderes: disciplinar, biopolítico e necropolítico. A combinação dos três possibilita ao poder colonial dominação absoluta sobre os habitantes do território ocupado. (…)A forma mais bem sucedida de necropoder é a ocupação colonial contemporânea da Palestina.

 Achille Mbembe continua dizendo que;

Viver sob a ocupação tardo-moderna é experimentar uma condição permanente de “estar na dor”:… interrogatórios e espancamentos; toques de recolher que aprisionam centenas de milhares de pessoas em suas casas apertadas todas as noites desde o anoitecer ao amanhecer;… ossos quebrados; tiroteios e fatalidades – um certo tipo de loucura.

Ainda aqui, se faz importante destacar o contexto geopolítico da região e a forma em que Israel entra na história contemporânea no oriente médio.  Segundo o professor Leonardo Sacramento, professor de educação básica e pedagogo do IFSP, Israel é uma invenção anglo-saxônica, instrumentalizada recorrentemente ao longo das décadas por EUA e Inglaterra. Segundo ele, o sionismo é uma forma da supremacia racial branca e europeia sobre os árabes. Um instrumento dos interesses capitalistas e ocidentais sobre o Oriente Médio.          

Enquanto escrevo este texto, Israel confirmava que o cerco terrestre a Gaza estava completo e que, com o apoio dos EUA, a batalha começaria a ser urbana. O Hamas tem túneis sofisticados. O irã, assim como grande parte dos países árabes nos arredores, começam a destilar ódio. 

Por fim, o mais importante: tudo isso é por poder econômico, território e recursos naturais e quem está pagando com suas vidas e seu futuro são as crianças, a população civil e a natureza.

Genocídio em curso

Há um genocídio em curso na Faixa de Gaza. São dezenas de milhares de pessoas mortas, na sua maioria mulheres e crianças e muitas outras dezenas de milhares de feridas. Diga-se aqui feridas aquelas que ficam sem braços, sem pernas, aquelas crianças esquartejadas que se tornam as únicas sobreviventes de uma família inteira. 

No dia 20 de fevereiro, o presidente do Brasil, Lula, se pronunciou comparando o genocídio em Gaza ao Holocausto, sendo o primeiro líder mundial a fazer um discurso forte contra o governo de ultra direita de Israel. Houve quem levantasse a voz para criticar. Mas o fato é que se colocou novamente os holofotes nas atrocidades cometidas nesta guerra insana. O genocídio deve parar!

A seguir, filmes que trazem o tema da neocolonização na região da Palestina e o dia dia dos povos envolvidos³.

Salt of This Sea

Inch’Allah

Nascido em Gaza

Lemon Tree

O coração de Jenin

Gaza fights for freedom

It’s better to jump

Miral

Gaza Surf Club

Naila and uprising

Palestina

Valsa com Bashir

¹ Professor, pesquisador e editor do site TemQueVer

² filósofo e cientista social camaronês responsável por cunhar o termo necropolítica. Traz o entendimento de Estado, soberania e política sob a ótica de Biopoder. 

³ Filmes disponíveis na Netflix e no Youtube com legendas

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