Por Álvaro Nicotti*
Esses dias me perguntei: quem são os ídolos do futebol na geração do meu filho de 12 anos?
No caso do Chico, a resposta é dura: praticamente nenhum. Ele e a turma dele, aqui do bairro, vão se afastando do jogo ano após ano.
Na TV, só passa Flamengo. O noticiário é dominado pelo Flamengo. Até o patrocinador do campeonato é o mesmo do clube carioca. Enquanto isso, jogos do Internacional às 20h30 de domingo, por exemplo, sem cabimento nenhum.
É um erro grave acreditar que seis mil pagantes sustentam a grandeza do Inter. Um Beira-Rio cheio, mesmo de graça, traz muito mais retorno do que meia dúzia de milhares de ingressos vendidos.
É preciso pensar diferente: subsidiar ônibus diretos da periferia para o estádio, transformar a entrada gratuita em alguns jogos em investimento, levar a campanha do sócio popular às escolas públicas. Isso é semear futuro.
Porque sejamos francos: público de seis mil pessoas cabe em times como Juventude, Bragantino ou Mirassol. Não no Internacional.
Quanto à questão do sócio? Resolve-se no Conselho. O que não dá é seguir empurrando o clube para longe da sua gente. Se quisermos que as próximas gerações tenham ídolos, o Inter precisa, urgentemente, reencontrar suas bases populares.
*Professor, pesquisador e editor do TemQueVer