Por Sérgio Luis Langer*
Os emissários submarinos são um sistema de canalizações e ductos instalados e direcionados, de forma subterrânea ou submersa, cujo objetivo dessa ação humana seja o lançamento de efluentes em algum manancial (quer seja um lago, lagoa, rio ou até o oceano).
Eles causam, independentemente da sua condição, impactos ambientais ecossistemáticos significativos, muitas vezes sendo equivocadamente justificados como alternativa para o destino final de efluentes sanitários:
Por isso, torna-se necessário considerarmos alguns dos Impactos ambientais proeminentes provocados ao descaracterizarem o ambiente natural; os quais são:
1. Devido excessiva demanda de nutrientes, como Nitrogênio (N)e Fósforo (P) (entre outros elementos e inúmeras substâncias químicas reagentes) presentes na carga dos efluentes (esgotos) causa como resposta a Eutrofização (proliferação de algas, desequilibrando o ecossistema marinho)
2. O lançamento dos efluentes pelos emissários submarinos podem vir a causar um acúmulo de matéria orgânica sedimentar.
3. O lançamento dos efluentes pelos emissários (tubulações subterrâneas e submersas) podem causar o aumento da quantidade de elementos sólidos em suspensão, alterando a turbidez (diminuindo a transparência) da água; assim, provocando dificultosa interferência no processo de fotossíntese do ecossistema e comprometimento da oxigenação do meio (redução da DBO).
4. A contaminação por microorganismos patogênicos faz-se presente, uma vez que o lançamento dessa demanda de matéria biológica parasitológica (viral, bacteriológica, fúngica, helmíntica) provém do organismo humano sendo oriunda das descargas das residências; por isso, os emissários podem contribuir para a infecto-contaminação no ambiente onde estamos inseridos.
Por sua vez, de forma imprudente, justifica-se que os emissários submersos possam ser uma alternativa para o destino final de efluentes sanitários nas regiões litorâneas densamente povoadas; devido a ter-se uma elevada capacidade de dispersão e depuração da matéria orgânica no ambiente marinho (promovido pelo fluxo, intensidade e definição dinâmica das correntes marinhas).
Essa prática certamente promove a descaracterização ecossistêmica de forma progressiva, acentuando-se muitas vezes a sua irreversibilidade devido a influenciar e comprometer desde as teias alimentares, fisiologia das diversas espécies (alterações em especificidades hormonais, reprodutivas, patológicas, e outras tantas), além, da condição insalubre a qual seja submetida a subsistência de todos.
Faz-se uma consideração nesse sentido, o qual a prudência deva submeter ao bom senso um estimável valor: “A emissão de efluentes domésticos por emissários submarinos é regulamentada pelo Protocolo de Anápolis, publicado na Organização Mundial da Saúde (OMS)”.
É necessário destacar e esclarecer que quaisquer efluentes líquidos não tratados, sempre que forem lançados in natura no ambiente comprometerão gravemente a saúde pública; pois, a água poluída torna-se propícia e veicular de doenças, tais como: cólera, disenteria, meningite, amebíase e hepatites (A e B).
Por sua vez, os efluentes industriais poluentes dos rios causam a contaminação bioquímica por metais pesados, provocando diversos quadros de patologias organológicas, dentre as quais: tumores hepáticos e de tireoide, rinites alérgicas, dermatoses e alterações neurológicas.
Assim, lembra-se ainda, que os efluentes são águas contaminadas por substâncias químicas diversas, que podem ser originados de:
Água de descarga; água de banho; água de lavagem de roupa e utensílios de cozinha; fossas sépticas; restos de alimentos; água contaminada com sabão e detergente; e, diversas outras condicionantes.
Por isso, quaisquer lançamentos de efluentes em locais inadequados tornam-se de risco à saúde pública, sociedade e a biosfera.
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*Professor e Biólogo Toxicologista