Pinocchio (2019)

O primeiro sentimento que vem à tona, ao assistir Pinocchio, é de irritação para com o boneco. Pinocchio é muito mal-criado e menospreza o coitado do Geppetto. Mas depois, analisando melhor, é possível visualizar, nesse comportamento, a pureza da infância. Em seguida, esta ingenuidade é potencializada e bem explorada ao ponto do pobre boneco ser preza fácil de qualquer sujeito com uma leve esperteza, adquirida nesse mundo ambiguamente cruel e selvagem.

E esse mundo cruel e selvagem tem, em suas leis, uma forma de incentivar a esperteza maléfica, a malandragem e o roubo. É através do tribunal as avessas, onde os culpados são inocentes e os inocentes são condenados, fazendo dessa analogia invertida uma forma de ensinar Pinocchio a lidar com os desafios mundanos.

Além da questão da ingenuidade infantil em confronto com a malícia mundana, essa versão do Pinocchio nos faz refletir quanto a educação escolar formal e tradicional. Quando no início pegamos implicância com o Pinocchio, por não querer ir à escola, mais adiante nos perguntamos: É melhor brincar e fazer travessuras por aí ou ir na escola responder perguntas abstratas, errá-las e se ajoelhar-se no milho?

Por fim, Pinocchio, versão 2019, se destaca pela bela fantasia, excelentes efeitos visuais e uma linda trilha sonora. Por certas horas, seu contexto fotográfico e estilo remetem lembranças do premiado filme Hugo Cabret.

Direção: Matteo Garrone

Atuação: Roberto Benigni

Disponível no NOW.

Importante lembrar que, logo mais vem, Pinocchi versão 2021. Dirigido por Guillhermo del Toro, o filme falará de um  boneco de madeira que ganha vida em uma época muito complexa, na Itália submersa na era fascista do ano 1930.

 

Comente