Suprema

Por Daniela Damo*

Suprema, filme dirigido por Mimi Leder (The Leftovers, Shameless), que mostra como Ruth Ginsburg, interpretada por Felicity Jones, tornou-se um símbolo da luta pelos direitos iguais até fazer parte da Suprema Corte Americana em 1993    

O filme faz um relato muito importante ao mostrar como o machismo e o preconceito fazem parte da vida das mulheres o tempo todo. Ruth não é a única mulher em sua sala de aula e o reitor Griswold (Sam Warterston) convida a todas para um jantar especial. Mas o que poderia ser um momento de felicidade se torna praticamente uma humilhação, quando cada uma precisa dizer por que está lá. Nas palavras do próprio reitor, elas precisam “justificar” por que estão “tirando” a vaga de um homem que poderiam estar ali.

Logo no início, o público já se depara com Ruth em seu primeiro dia de aula no curso de Direito na Universidade de Harvard. O roteiro também provoca as personagens femininas com dizeres machistas e rudes. Em um determinado momento do filme, as estudantes são questionadas pelo reitor sobre a razão delas estarem ocupando a vaga que seria para um homem, ao invés de estarem em casa cuidando de seu marido e filhos.

Entre tantos contratempos, Ruth se forma com louvor em cinco anos de esforços, uma vez que neste meio tempo, Marty (Armie Hammer) seu marido descobre estar com  câncer ainda no período de graduação. Com tantos problemas, Ruth desiste do seu sonho e ainda ajuda o marido nos estudos, já que ela passa também a assistir as aulas dele, enquanto o marido está em tratamento.

Mesmo com uma ótima formação acadêmica, Ruth não consegue alcançar seu objetivo de poder trabalhar em um bom escritório de advocacia, pelo simples fato de ser mulher. Assim, ela passa a dar aulas de Direito, para não perder o contato com a profissão. Mas ao se deparar com o caso de Charles Moritz (Chris Mulkey), um homem que não pode adquirir os direitos tributários de cuidador, algo que só cabia ao exercício do sexo feminino, Ruth enxerga a grande oportunidade de dar um grande passo em sua carreira, mas também de mudar leis velhas do país.

Suprema traz uma história real que relata como é difícil ser mulher nessa sociedade. Mesmo com o apoio incondicional de Marty, ela não deixa de passar por situações humilhantes e sempre ser diminuída perante o marido, que neste momento já recuperado da doença é um grande advogado.

O filme também aborda o conflito entre duas gerações que enxergam a sociedade de um modo diferencial. De um lado, Ruth quer mudar as leis, mas ainda se encontra em uma posição inferior; do outro lado, Jane, sua filha, mostra que é possível levantar a voz diante de atitudes em que a mulher não é obrigada a aceitar.

Atualmente, Ruth Bader Ginsburg tem 85 anos e foi a segunda mulher a ser confirmada pelos Senado dos Estados Unidos para compor a Suprema Corte em 1993 pelo então presidente Bill Clinton.

Disponível no HboMax

**Professora de geografia da rede pública de ensino, atuando na rede estadual e na Universidade Federal de Santa Maria, pesquisadora e uma profunda admiradora das artes e todas suas formas.

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