Torres, Vendo $ua Memória

Por Rafael Frizzo*

Foi no final do Verão de 1949 que TÔRRES foi vendida na maior revista de circulação nacional, nas páginas da Revista O Cruzeiro* da capital Rio de Janeiro.

Sua “rusticidade de mar bravio, nas extensões de centenas de quilômetros de areia branca, cômoros encrespados pelo vento, maresia entrando terra a dentro”, onde “os homens procuram o sal e o lodo, a areia sempre agitada, as dunas movediças, o sol, as ondas que rebentam com fúria e o voo de estranhos pássaros marinhos”.

Fisionomia setentrional de um Torrão que, pouco a pouco, com a influência da Sociedade Anônima dos Amigos da Praia de Torres, finalmente, teve “suas belas e agrestes praias sulinas” à disposição da aristocracia política e econômica do Estado, que passou a desterrar paulatinamente à vida reversa marisqueira bicuíra milenar do lugar.

E não tardou muito para “render muito dinheiro”!

Terra do Vento Norte

Território de Passagem

Elo Pedido do Mar Grosso

Aqui, o colonialismo interno também criou seus opressores, pois ali não havia “o aconchego de Copacabana, o conforto da grande cidade debruçada nas águas” ao “esbarrar num mar todo-poderoso, ameaçador, raivoso e tremendamente sem fim”.

Na dialética oprimida da moderna servidão era necessário “homens para desbravar novos caminhos”, como aqueles dos planos diretores, arquitetos das desigualdades e seus construtores de horizontes com fim…

Fonte: Revista O Cruzeiro, 16 – IV, 1949. Acervo Arquivo Nacional/RJ

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*Antropólogo e ambientalista.

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