Texto de Álvaro Nicotti*
Vídeo de Pablo Rodrigues**
Edgar e Marta formam um rico casal que, em todo verão, entre o Natal e o Ano Novo, recebe amigos e família para festas em sua mansão à beira-mar. Entretanto, quem de fato organiza a casa e gerencia os empregados é Madalena, que sonha em comprar um terreno para que possa abrir seu próprio negócio. Com isso, ela pede ajuda ao patrão, que lhe empresta dinheiro para ser descontado mensalmente de seu salário, sem imaginar no quanto seria envolvida em seus negócios.
Assista a crítica no vídeo abaixo:
Filme disponível na GloboPlay
A desigualdade social e o modo de produção capitalista
A desigualdade social, a pobreza e a miséria são fenômenos complexos que podem ser mensurados e analisados sob diversas perspectivas. No viés condicional ao modo de produção capitalista, a abordagem desses conceitos se faz presente no âmbito político, social e, principalmente, econômico. Sob este ponto de vista, tendo o modo de produção capitalista como cenário e os acumuladores de renda e sujeitos assalariados como principais atores, importante destacar as consequências desta relação para a sociedade como um todo. Pois, segundo o economista Thomas Piketti, o capitalismo “produz automaticamente desigualdades insustentáveis, arbitrárias, que ameaçam de maneira radical os valores de meritocracia sobre os quais se fundam nossas sociedades democráticas”.
Sendo assim, a desigualdade social, um fenômeno alimentado pelo descompasso do modo de produção capitalista, é a grande responsável pela produção da pobreza e da miséria. De acordo com a professora Sandra Rocha, a “pobreza é um fenômeno complexo, podendo ser definido de forma genérica como a situação na qual as necessidades não são atendidas de forma adequada”. Já a miséria, condição última ao qual um ser humano pode chegar, segundo o renomado geógrafo Milton Santos, é a privação “da satisfação de algumas das necessidades vitais, de maneira que a saúde e a força física tornam-se precárias a ponto de fazer perigar a própria vida”.
Desta forma, é visível a existência da pobreza e da desigualdade social no mundo atual. Contudo, seu contraste fica mais evidente quando analisamos os espaços urbanos e os direitos fundamentais do ser humano negados e negligenciados a grupos massivos de pessoas. Um desses direitos é o direito à cidade e suas garantias de bem estar que se deve proporcionar aos seus moradores. Afinal, não é difícil localizar espaço urbanos, principalmente se tratando de cidades em países com altos índices de desigualdade social, onde não se vejam famílias vivendo em situação de vulnerabilidade social e moradias precárias.
Atualmente, muitos pesquisadores procuram estudar, entender e apontar soluções para a desigualdade social no mundo e, principalmente, nos países do hemisfério sul do planeta, onde aí se inclui o Brasil. No entanto, para se entender a pobreza, a miséria e a desigualdade social não basta ir a campo somente estudar e identificar as grandes massas afetadas por essa desigualdade. É necessário entender e conhecer quem são os ricos. Neste caso, interessa perguntar: Quem são os sujeitos que concentram a renda no Brasil e no mundo?
No dia 7 de novembro de 2022, saiu mais uma lista da Forbes, uma revista estadunidense de negócios e economia, das pessoas/famílias mais ricas do mundo. A partir dela, foi possível visualizar os 10 mais ricos do Brasil. Assim, o TemQueVer revela aqui os 10 mais ricos do Brasil. Uma forma de identificar com mais clareza quem concentra a renda no país e, claro, facilitar uma leitura mais crítica em filmes que abordem a desigualdade social.
1° Jorge Paulo Lemann (ABInBev)
2° Marcelo Hermann Telles (ABInBev)
3° Carlos Alberto Sicupira (ABInBev)
4° Irmãos Safra (SAFRA)
5° Lúcia Maggi (AMAGGI)
6° André Esteves (BTG Pactual)
7° Jorge Moll Filho (Rede Lor)
8° Eduardo Severin (FaceBook)
9° Alexandre Behring (3G Capital)
10° Luciano Hang (Havan)
A seguir, um bate papo sobre o tema entre o professor Álvaro Nicotti e os críticos de cinema Pablo Rodrigues e Felipe de Souza.
*Professor, pesquisador e editor do site TemQueVer
**Psicólogo social, crítico de cinema, militante de esquerda, criador do canal do Youtube e do podcast CINEMA EM MOVIMENTO.