Ucrânia em Chamas

Segundo o sociólogo Boaventura Santos, uma das vozes mais sobreas e respeitadas da atualidade, o mundo acaba de entrar numa nova e grave fase de deriva bélica, que o pode mergulhar numa crise ainda maior. A causa próxima deste agravamento é a invasão da Ucrânia. O autor da invasão é a Rússia, mas o seu autor remoto são os EUA, ao terem ignorado durante três décadas as preocupações russas quanto à sua segurança.

A ameaça de Terceira Guerra mostra a irresponsabilidade dos dirigentes das grandes potências, que não têm empatia com os jovens (na maioria, negros) nos fronts de batalha e morte. Os ruídos da unipolaridade não se expressam apenas via os mercados, mas nas sirenes das insanidades pela via da destruição. É difícil imaginar um apoiamento efetivo, com armas e munições, para a Ucrânia. Tal implicaria em um enfrentamento direto com a Rússia, uma nação com enorme arsenal nuclear, empoderada pelo petróleo e o gasoduto.

O Império Estadunidense, a OTAN e a relação nesta história e nas guerras.

Em escala planetária, o imperialismo dos EUA se exprime através da organização militar que tem como ponta de lança a OTAN. Os EUA são dependentes da indústria belicista. Harry Truman, que assumiu a presidência com a morte de Roosevelt, deu continuidade à Segunda Guerra e foi responsável pelas bombas de trágica demonstração, em Hiroshima e Nagasaki. Seis anos depois, em 1951, participou da Guerra da Coreia, tendo 35,5 mil baixas. Lyndon Johnson liderou a nação no maior fracasso, a Guerra do Vietnã (1964-75), somando 60 mil baixas. John Kennedy invadiu a Baía dos Porcos, em Cuba. Foi rechaçado pelos revolucionários cubanos. Bush “pai” legou a Guerra do Golfo (1990-91) e, para expulsar as forças iraquianas do Kuwait, mobilizou 500 mil soldados. Bush “filho” invadiu o Afeganistão (2001) e o Iraque (2003). Em resposta ao ataque de 11 de setembro de 2001, decretou a Guerra Global contra o terrorismo. Obama herdou as guerras do Afeganistão e do Iraque e prometeu a retirada gradativa das tropas invasoras. Biden, seu vice eleito, colocou no currículo imperialista a tensão que redundou na Guerra da Ucrânia. A guerra é a regra.

As Revoluções Coloridas: um resgate da guerra fria

Revoluções coloridas foram uma série de manifestações políticas de oposição que envolveram a derrubada de governos, considerados antiestadunidenses, e a sua substituição por governos pró-ocidentais ou pró-OTAN (golpes?). Ocorridas a partir dos anos 2000, a maior parte dos casos bem sucedidos de revoluções coloridas ocorreu em países com democracias recentes, ou em processo de democratização, na área de influência ou no território da antiga União Soviética, sendo que o principal resultado efetivo foi a derrubada de governos pró-Rússia e a ascensão ao poder de grupos ou partidos políticos pró-Estados Unidos. Desde então, até hoje somos informados (ou desinformados) desses eventos a partir de narrativas comprometidas por determinados projetos de poder.

Contudo, o que se pode afirmar é que na história de revoltas, conflitos, revoluções e guerras dificilmente se verá vilões e mocinhos, mas sim uma disputa incansável por áreas de influência de poder. Deste modo, afirma-se que a narrativa ocidental é muito estereotipada e vinculada a um conto da Disney. Do lado ocidental, os bons ucranianos, combatentes da liberdade; do outro- aliados de Moscou, o lado negro da força e estorvo do “desenvolvimento” liberal. Não se iludam: estão todos interagindo entre os dois lados opostos da força.

Desta feita, o TemQueVer vem sugerir para que seus leitores assistam o interessante documentário de Oliver Stone, realizado em 2016, denominado Ucrânia em Chamas. Uma oportunidade única de confrontar narrativas e discursos hegemônicos em nome de dominação e poder.

Ucrânia em Chamas: um documentário necessário

O documentário mostra a guerra sangrenta na região separatista pró-Rússia de Donbass, ao leste do país, e a reocupação da Península da Crimeia, único porto russo aberto durante todo o ano a despeito dos rigorosos invernos locais, e onde se situam estaleiros estratégicos para a Rússia. Além disso, apresenta a revolução colorida que ocorrera na Praça Maidan, em Kiev. O evento deixou um rastro de violência e de sombrias reminiscências históricas na região que ressurgiram com força.

Abaixo, documentário completo:

 

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