Este documentário obrigatório dirigido por Silvio Tendler e dividido em duas partes, aborda como a chamada Revolução Verde do pós-guerra acabou com a herança da agricultura tradicional. No lugar, implantou um modelo que ameaça a fertilidade do solo, os mananciais de água e a biodiversidade, contaminando pessoas e o ar.
A Revolução Verde foi uma das profundas transformações pelas quais o mundo passou após a Segunda Guerra Mundial. Essa inovação ficou conhecida por melhorar a produção agrícola e aumentar a produção de alimentos a partir das décadas de 1960 e 1970.
Entretanto, essa revolução não trouxe apenas melhoras no campo da agricultura e pecuária. Consequências negativas surgiram, como a dependência tecnológica dos países subdesenvolvidos e/ou em desenvolvimento para com os países desenvolvidos.
Como características da Revolução Verde, podemos citar o alto índice de tecnologia, pesquisa e estudo nas áreas do setor primário e, posteriormente, do setor secundário da economia, com o aprimoramento de máquinas pesadas para o trabalho rural.
Essas pesquisas trouxeram grandes avanços na produção agrícola, em todos os tipos de alimentos, com os fertilizantes químicos e agrotóxicos, permitindo aos agricultores (desde o pequeno até o grande latifundiário) maior controle de pragas e incremento de lavouras mais rentáveis, tornando as propriedades mais produtivas. Contudo, como tudo que entra na lógica do modo de produção capitalista, ou seja, quando o olhar se volta mais para o lucro e não para a saúde, vamos encontrar na revolução verde uma das grandes causas da desigualdade social no campo, do gigantesco êxito rural formador de imensas favelas nos grandes centros urbanos e, lamentavelmente, do descaso com a alimentação saudável da maioria da população e o cuidado com o meio ambiente. É sobre isso que o documentário “O veneno está na mesa” vai dialogar.
A Terra e os seres que nela vivem devem ser mais importantes do que a economia. Os que militam pela perpetuação do uso dos agrotóxicos levam em conta somente o critério economicista, ainda que revestido de uma preocupação humanitária.
A saúde é um ônus maior à população e ao governo, pois é paga por estes, enquanto quem paga pelos agrotóxicos é o agricultor que os utiliza. Mesmo quem milita a favor está, direta ou indiretamente, sendo prejudicado pelo cerne de sua militância, pois não há como se salvaguardar dos efeitos da utilização dos agrotóxicos, principalmente nos alimentos em que consomem.
O Veneno está na Mesa- Parte I
O Veneno está na Mesa- Parte II